Mesmo com todas as dificuldades impostas pela crise sanitária, o mercado de crédito viveu um 2020 aquecido no segmento imobiliário. Em um cenário de juros baixos e pessoas passando mais tempo em casa, um novo ciclo iniciou, com busca por novos imóveis e reformas para uma vida adaptada ao teletrabalho.
Por consequência, os pedidos de crédito imobiliário dispararam no período.
Os dados disponibilizados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip) dão dimensão ao que foi em 2020 para o crédito imobiliário: crescimento de volume total de 57,5%, atingindo um valor de R$ 123,9 bilhões negociados no período, um recorde na série histórica – superando o antigo recorde de R$ 112,9 bilhões visto em 2014.
Também foram comuns as reformas e obras domiciliares desde o início da pandemia. De acordo com uma pesquisa realizada pela startup de arquitetura e decoração ArqExpress, a busca por reformas cresceu 400% desde março de 2020 no Brasil, período marcado pelo início do isolamento social no país. E para este ano, o cenário vai se repetir? O que dizem os especialistas?
Previsão do mercado é de 2021 com crescimento
A arrancada para chegar no excelente resultado iniciou no segundo semestre do ano passado, com o país engatinhando economicamente após o choque inicial da pandemia.
Para 2021, a Abecip acredita que o roteiro da retomada continue a se desenvolver e o mercado imobiliário expanda vendas, indústria e crédito.
A projeção é de alta de 21% na concessão de crédito neste ano, considerando SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Ao olharmos para o volume nominal mensal de crédito imobiliário com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), em relatório oficial da ABECIP, janeiro de 2021 foi o melhor mês da série histórica iniciada em 1994.
Para este ano, a projeção é de um novo recorde no crédito imobiliário, de R$ 157 bilhões, um aumento de 27% em relação ao valor de 2020.
Estima-se, ainda, recorde no volume consolidado de financiamentos para a compra e a construção de imóveis no País, de R$ 214 bilhões – um crescimento de 21% na comparação com 2020.
Segundo a presidente da associação, Cristiane Portella, a previsão de expansão é resultado do momento do juro básico no Brasil.
“A melhora das taxas ampliou o número de pessoas capazes de fazer a compra. A taxa estava acima de 10% ou 11% em 2017. Hoje está abaixo de 7%. Isso é muito positivo”, comentou.
Para Cristiane Machado, especialista da Mesa de Crédito Imobiliário da Franq, investidores aproveitaram o timing dos juros para tornar seu patrimônio mais robusto.
“As baixas taxas de juros do crédito imobiliário voltaram a atrair investidores em imóveis para gerar renda de locação, para adquirirem o segundo ou terceiro imóvel para família fora da cidade onde residem e para venda futura com alguma margem de lucro. Isso reflete diretamente na alta demanda de contratações de crédito imobiliário. Acredito que este movimento deverá acontecer ainda por mais dois anos pelo menos, visto o elevado número de lançamentos vendidos em 2020 que terão que ser financiados até 2023 no momento da entrega dos empreendimentos”, analisa Cristiane.
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