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O Copom (Comitê de Política Monetária) realizou nesta quarta-feira (31) a primeira reunião do segundo semestre de 2024 e decidiu manter a Taxa Selic em 10,5% ao ano. A decisão confirmou a expectativa das instituições financeiras, que já esperavam a manutenção da taxa básica de juros da economia como medida para conter o aumento da inflação e outros índices econômicos.

Em nota, o Copom afirmou que “a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

Felipe Giroleti, diretor de Produtos e Parcerias da Franq, avalia que a decisão cautelosa do Banco Central pela segunda reunião consecutiva marca uma mudança de cenário no mercado financeiro e afasta a expectativa de novas reduções em 2024. “Nos próximos meses devemos manter um nível de estabilidade em relação ao apetite de crédito, taxas de juros, custo do dinheiro para o tomador e remuneração para o investidor”.

Mesmo com maior estabilidade em relação à taxa de juros, Giroleti ressalta que o segundo semestre é um período historicamente mais aquecido para a comercialização de produtos financeiros. “Devemos ter um bom semestre de negócios ainda mesmo vivendo um cenário de taxa de juros contracionista, ou seja, de manutenção para tentar segurar a inflação”.

Confira o histórico da Taxa Selic:

Gráfico Taxa Selic

Neste cenário de mudanças em relação às expectativas do mercado financeiro, os Personal Bankers, bancários autônomos da Franq, têm papel ainda mais relevante para manter seus clientes atualizados e ajudá-los em suas decisões financeiras.

“Estamos falando do custo financeiro de capital, porém, tem que levar em consideração o outro lado do balcão, o lado da atividade comercial do seu cliente que não vai parar. As empresas continuam precisando investir, mesmo que o crédito esteja com taxas mais elevadas. Em relação ao custo financeiro, o cliente pode readequar as dívidas no futuro, quando retomar o cenário de queda. Nós já temos clientes que tomaram crédito em cenários ainda mais complexos, quando a taxa Selic estava quase 14% ao ano, e hoje estão nos procurando com foco em reduzir juros ou alongar prazos”, explica o diretor de Produtos e Parcerias da Franq.

No mercado imobiliário, por exemplo, os clientes podem aproveitar o cenário de juros altos para conquistar desconto no valor dos imóveis e futuramente, quando a Selic voltar a cair, solicitar uma renegociação de dívida ou portabilidade para reduzir a taxa de juros. “O Personal Banker é extremamente importante para trazer essa ótica junto ao cliente de que o custo financeiro é possível repactuar lá na frente , endossa Giroleti.

A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 17 e 18 de setembro.

Confira abaixo a nota do Copom na íntegra:

“O ambiente externo mantém-se adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado. A desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,1% e 4,0%, respectivamente.

As projeções de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2026* situam-se em 3,4% no cenário de referência e 3,2% em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante.**

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.  O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional exigem ainda maior cautela na condução da política monetária. Em particular, os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância.

O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. 

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 10,50% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela. Ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta. O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

 

* A comunicação da projeção para seis trimestres à frente, correspondendo ao primeiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, está em consonância com a nova sistemática de meta para a inflação estabelecida pelo Decreto 12.079/2024 com vigência a partir de 1º de janeiro de 2025.

** Em seu cenário de referência, no qual a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de R$5,55/US$, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), as projeções de inflação do Copom para os anos-calendário situam-se em 4,2% para 2024 e 3,6% para 2025. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 5,0% em 2024 e 4,0% em 2025. No cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 4,2% para 2024 e 3,4% para 2025. Em ambos os cenários, o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio foi obtido pelo procedimento usual.”