O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), realizou nesta quarta-feira (11) a última reunião de 2024 e anunciou o reajuste de 1 p.p., elevando a Taxa Selic para 12,25% ao ano. Esse é o terceiro aumento consecutivo da taxa básica de juros e faz parte da estratégia da autoridade monetária para controlar os índices da economia brasileira, como inflação por exemplo, que estão fora da meta. Essa foi a última reunião do Comitê com Roberto Campos Neto como presidente do BC.
Em nota, o Copom afirmou que “o cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista”.
Para Felipe Giroleti, Vice-Presidente de Produtos e Parcerias da Franq, a elevação da Selic, mesmo acima do previsto, é importante para controlar o cenário complexo da economia atual.
“Nós temos hoje algumas questões que trazem uma pressão inflacionária muito forte para dentro da nossa economia. O câmbio está batendo recorde nas últimas semanas, motivado por fatores internos, como por exemplo as dúvidas em relação ao ajuste fiscal e a dívida pública. Por outro lado, temos uma economia forte em relação à empregabilidade, com uma taxa de desemprego muito baixa, o que por si só já é um tensionador da inflação. Ou seja, o consumo alto pressiona os preços e causa dificuldade para controlar a inflação. É um cenário bem complexo, que exige uma medida um pouco mais arrojada. Neste momento, o mecanismo que se tem para controlar a economia é acelerar um pouco a curva de aumento da taxa de juros”, analisa Giroleti.
Taxa Selic e futuro
Para os próximos meses, a expectativa é que as instituições financeiras aumentem a taxa de juros nas operações, principalmente porque ainda não há perspectiva de queda da Selic no curto prazo. No entanto, os bancos e fintechs não devem restringir a liberação de crédito, ou seja, não há indicativo que o número de aprovações vá diminuir.
“No mercado imobiliário, por exemplo, os bancos já apresentaram movimentações de aumento de taxas de juros para aquisição imobiliária e refinanciamento. Em contrapartida, não vemos um movimento de retração de crédito. Tudo vai depender em relação à capacidade da sociedade, empresas e pessoas físicas, em arcarem com os custos financeiros de forma saudável”, explica Felipe.
Independentemente do cenário, o VP de Produtos e Parcerias da Franq ressalta a importância dos Personal Bankers se manterem próximos aos clientes para ajudá-los a tomarem decisões mais inteligentes.
A dica é sempre a mesma: mantenha-se próximo, tente ajudar o cliente na análise do seu negócio, na análise do seu momento de vida e entender o que é prioridade. Esse é o grande valor do Personal Banker, porque ele consegue ter essa visão ampla e tem o suporte da Franq por trás. É importante o cliente estar atento a essas movimentações e não criar expectativa em cima daquilo que está distante”, conclui Felipe.
Confira o histórico da Taxa Selic:
A primeira reunião do Copom de 2025, já sob liderança de Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central, será realizada nos dias 28 e 29 de janeiro.
Leia a nota do Copom na íntegra:
Copom eleva a taxa Selic para 12,25% a.a.
O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes.
Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou abertura adicional do hiato. A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes.
As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de referência.
Em função da materialização de riscos, o Comitê avalia que o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior. Persiste, no entanto, uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
O Comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa.
O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista.
O Copom então decidiu realizar um ajuste de maior magnitude, elevando a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões. A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.