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O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou nesta quarta-feira (20) o novo corte de 0,5 ponto percentual na Taxa Selic. A partir de agora a taxa básica de juros da economia brasileira está balizada em 10,5% a.a. e atinge o menor patamar desde dezembro de 2021. A decisão do Comitê surpreendeu parte do mercado financeiro que aguardava uma redução de mesma magnitude das reuniões anteriores.

Felipe Giroleti, vice-presidente de Negócios da Franq, avalia que a decisão do Banco Central em desacelerar o ritmo de cortes pode trazer impactos diferentes para o mercado financeiro.

“A gente falava em terminar o ano com a Selic em 9% ou ainda abaixo desse patamar. Agora, com essa redução branda da Selic, pode ser que a precificação dos ativos mude. As taxas de juros de produtos de crédito podem não apresentar queda tão significativa no curto prazo. É uma mudança sutil, de 0,25% para 0,5%, mas se você colocar isso no custo do dinheiro a longo prazo, tem um impacto significativo. Quando reduz a tendência de queda da taxa básica de juros da economia, também diminui a recuperação do dinheiro ao longo do tempo”, analisa Giroleti.

O vice-presidente de Negócios da maior plataforma de bancários autônomos do país ressalta que, mesmo com uma redução mais leve, a queda da Taxa Selic é importante para manter o mercado de crédito aquecido e garantir mais oportunidades aos clientes que precisam de recursos. 

“O mercado de crédito imobiliário, por exemplo, ainda não apresenta redução nas taxas de juros, mas as aprovações de crédito por parte das instituições financeiras melhoraram significativamente desde o final de 2023. Hoje a gente consegue observar uma performance de aprovação de crédito muito melhor do que a gente tinha nos meses anteriores. Em produtos comerciais, como Capital de Giro, créditos pessoais e até Empréstimo com Garantia de Imóvel, nós já vemos uma flexibilização da taxa e os clientes já estão encontrando juros um pouco mais baixos do que tinham acesso no ano passado. Nós sentimos também, por parte do cliente, uma disponibilidade maior para contratar produtos de crédito”, afirma Felipe Giroleti.

Confira o histórico da Taxa Selic:

Gráfico Taxa Selic 2

Com a Taxa Selic no menor patamar desde 2021, o mercado financeiro deve ficar mais movimentado e propício para oportunidades, o vice-presidente de negócios ressalta a importância desse momento para os Personal Bankers, bancários autônomos da Franq, fortalecerem a conexão e o contato com seus clientes.

“O mercado de crédito está extremamente aquecido, mas ainda assim é um cenário complexo para o cliente saber como e para onde se movimentar. Não é uma decisão fácil para o cliente escolher entre destravar um projeto agora ou esperar mais um pouco; não é um cenário simples decidir entre uma linha de crédito X ou Y… Nesse contexto, o Personal Banker se faz extremamente necessário e precisa estar muito próximo do cliente, para ajudar nas tomadas de decisões em relação aos investimentos, tanto pessoais quanto das empresas. O cliente vai precisar de ajuda e se não for com um Personal Banker, vai ser com alguém que talvez não tenha tanto conhecimento”, ressalta Felipe

A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 18 e 19 de junho.

Confira abaixo a nota do Copom na íntegra:

Copom reduz a taxa Selic para 10,50% a.a.

O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,7% e 3,6%, respectivamente.

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 3,8% em 2024 e 3,3% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 4,8% em 2024 e 4,0% em 2025.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.  O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional devem se manter mais incertas, exigindo maior cautela na condução da política monetária.

O Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. 

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,50% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

O Comitê, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela. Ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.

Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.

 

* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de R$5,15/US$, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio foi obtido pelo procedimento, que passou a ser adotado na 258ª reunião, de arredondar a cotação média da taxa de câmbio observada nos dez dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.