Após três anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (02) a primeira queda da taxa básica de juros. A redução expressiva da Selic em 0,5 ponto percentual para 13,25% ao ano, surpreendeu e foi recebida de forma positiva pelo mercado financeiro, que esperava redução de 0,25 p.p. Em seu comunicado, o Copom também sinalizou a possibilidade de novas reduções de mesma magnitude nos próximos encontros.
De acordo com Felipe Giroleti, VP de Business da Franq, a redução da Selic é considerada uma “injeção de ânimo” para o mercado de crédito brasileiro e contribui para a saúde financeira dos clientes. Giroleti também destaca a importância do posicionamento do Banco Central ao indicar a possibilidade de novos cortes na taxa básica de juros nos próximos encontros.
“Era uma mudança muito esperada pelo mercado. A gente vem de alguns meses de desaquecimento do consumo e dificuldade de crédito, causados pelo alto custo do dinheiro e pelo cenário de inadimplência. O posicionamento do Copom traz um cenário mais animador e gera uma nova tendência de comportamento de consumo. Essa primeira queda e a possibilidade de novos cortes gera um movimento em que mais pessoas e empresas vão começar a se movimentar e buscar novos recursos, porque o crédito tende a estar mais barato”, explica Giroleti.
Felipe também ressalta a vantagem do novo cenário para a atuação dos bancários autônomos da Franq, os Personal Bankers, que devem aproveitar o momento para ajudar a melhorar a saúde financeira dos seus clientes.
“As pessoas tomam crédito porque precisam resolver algum problema financeiro ou viabilizar um investimento. Os Personal Bankers, que estão próximos dos clientes, podem aproveitar a redução dos juros para oferecer as linhas de crédito mais apropriadas e ajudar o cliente a solucionar os seus problemas mais urgentes, aliviando a saúde financeira dele. Com clientes mais saudáveis financeiramente, eles vão depositar credibilidade no bancário autônomo e buscar novas alternativas no futuro”, afirma o VP de Business da fintech catarinense.
A taxa básica de juros estava em 13,75% desde agosto de 2022 e se manteve em alta, sem alterações, durante sete reuniões do Comitê.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 19 e 20 de setembro e a expectativa é para o anúncio de um novo corte, caso o cenário econômico se mantenha estável, como já foi indicado pelo Banco Central.
Confira abaixo a nota do Copom na íntegra.
Copom reduz a taxa Selic para 13,25% a.a.
O ambiente externo mostra-se incerto, com alguma desinflação sendo observada na margem, mas em um ambiente marcado por núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas.
Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue consistente com um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. Não obstante o arrefecimento dos índices de inflação cheia ao consumidor, antecipa-se uma elevação da inflação acumulada em doze meses ao longo do segundo semestre. As medidas mais recentes de inflação subjacente apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus recuaram e encontram-se em torno de 4,8%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.
As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 4,9% em 2023, 3,4% em 2024 e 3,0% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,4% em 2023, 4,6% em 2024 e 3,5% em 2025.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
O Comitê avalia que a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária.
Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário, reforçando, no entanto, o firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante. A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros: Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes.
* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,75, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2023, de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio é obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.