Nesta quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a redução da Taxa Básica de Juros, a Selic, em 0,5 ponto porcentual. Com isso, ela fica balizada em 12,75% ao ano. Este é o segundo corte consecutivo realizado pelo Banco Central, que já sinalizou a possibilidade de novas reduções de mesma magnitude nas próximas reuniões.
Em nota, o Cômite afirmou que a decisão de reduzir a taxa Selic em meio ponto percentual é “compatível com a estratégia de convergência da inflação” e “também implica na suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
Felipe Giroleti, VP de Business da Franq, encara com otimismo a redução e ressalta o impacto positivo em relação ao custo do dinheiro, que tende a reduzir ainda mais. Giroleti também evidencia a importância da confirmação das previsões econômicas para o mercado financeiro.
“A redução da Selic traz para o mercado uma sensação de estabilidade de cenário. Mostra que o que está se programando vem acontecendo, apesar dos desafios, tanto internos quanto externos. Isso nos deixa mais otimistas quanto a maior permissividade dos bancos e do mercado de crédito como um todo. A gente deve sentir as instituições financeiras assumindo uma postura mais agressiva e liberando mais crédito. Também temos um aspecto do custo do dinheiro, que começa a ter uma tendência de redução”, elenca o VP de Business da Franq.
Para os bancários autônomos da Franq, a queda da Selic representa mais oportunidades de negócios. Felipe Giroleti destaca que, tradicionalmente, os últimos meses do ano são marcados pelo aumento na busca de crédito pelo segmento PJ. Os Personal Bankers podem e devem aproveitar o momento para oferecer os seus serviços e conquistar mais clientes.
“A tendência é que os Personal Bankers tenham mais facilidade de encontrar clientes dispostos a tomar o crédito de forma sustentável. Desde a última redução, nós sentimos que o cliente está mais encorajado em começar a olhar o mercado e buscar crédito. Além disso, estamos em uma época do ano onde a injeção de capital faz muita diferença e, por necessidade, a economia precisa estar mais aquecida”, afirma Giroleti.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 31 de outubro e 01 de novembro, com expectativas para o terceiro corte consecutivo e a previsão da taxa básica de juros reduzir para 12,25%.
Confira abaixo a nota do Copom na íntegra:
Copom reduz a taxa Selic para 12,75% a.a.
O ambiente externo mostra-se mais incerto, com a continuidade do processo de desinflação, a despeito de núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas. O Comitê notou a elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China, ambos exigindo maior atenção por parte de países emergentes.
Em relação ao cenário doméstico, observou-se maior resiliência da atividade econômica do que anteriormente esperado, mas o Copom segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. Como antecipado, ocorreu uma elevação da inflação cheia ao consumidor acumulada em doze meses no período recente. As medidas mais recentes de inflação subjacente apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,9%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.
As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 5,0% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,5% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas.
Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.
* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,90, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2023, de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio é obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.