É preciso abrir mentes e encarar o Open Banking como uma oportunidade de negócio.
Não há dúvidas de que o Open Banking vai beneficiar significativamente o consumidor de produtos financeiros – pessoas e empresas. Estes benefícios virão pelo aumento significativo de concorrência, reduzindo custos e fornecendo facilidades, como geralmente acontece em um mercado mais competitivo. Mas quanto tempo levará para o consumidor efetivamente se beneficiar de todo este movimento?
Pontos de reflexão sobre o tema
- O Open Banking será no Brasil uma revolução MUITO maior do que tem sido na Europa e EUA: por aqui, ainda temos uma baixa cultura de arquitetura aberta (recentemente demos alguns passos em investimentos, como a XP), e nunca conseguimos implantar o cadastro positivo, fundamental para a concorrência de crédito. O Open banking tende a derrubar as duas coisas ao mesmo tempo.
- A barreira educacional e cultural deve atrasar o engajamento e, por sua vez, o benefício: quanto tempo uma população (Pessoa Física e Pessoa Jurídica) desacostumada a ter o poder de escolha no mercado financeiro (baseado em um oligopólio) levará para tirar proveito, conhecer, adaptar e se beneficiar de todas essas mudanças? Como separar o “joio do trigo” com tantas ofertas disponíveis?
- Os grandes bancos serão capazes de buscar eficiência com melhores serviços, ou ficarão focados no “low hang fruit”, demitindo profissionais para redução de custo? Aprenderão a trabalhar em um ambiente mais empreendedor e colaborativo de ganha-ganha, ou focarão em se aproveitar do tamanho e desinformação?
Sou um grande entusiasta dos incríveis benefícios que o Open Banking deve finalmente trazer a sociedade e fico orgulhoso com a prioridade dada pelo Banco Central ao tema – muito inteligente e atual. Porém, sempre me preocupa a implantação. Não a regulatória ou a tecnológica. Essas são processos feitos de maneira lógica, por engenheiros, com PMOs bem estabelecidos e muito facilitados pela tecnologia disponível e experiência internacional. Mesmo que aos trancos e barrancos como costumamos fazer as coisas por aqui. A implantação que realmente me preocupa é a educacional e cultural – de engajamento.
Com baixo nível de conhecimento e confiança no sistema, a velocidade de engajamento da população deve atrasar os benefícios do processo – o que é uma pena, considerando a urgente necessidade que nossa economia tem de uma oferta mais eficiente e justa de produtos financeiros.
Vale lembrar que nos últimos tempos temos sido bombardeados com informações de que poupança não é um bom investimento, que banco cobra caro, que existe conflito de interesse, que fintechs podem trazer melhores benefícios, que não precisam ter “reciprocidade”, blá, blá, blá… Ou seja, o consumidor já não tem dúvida de que “paga o pato” – só não sabe como deixar de pagar e que caminho seguir de forma segura. E isso será ainda mais latente com a chegada do Open Banking.
2ª edição do BS2 Arena: Open Banking em destaque
Durante uma conversa que participei no BS2 Arena no início de outubro deste ano junto com representantes do Banco Central, Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e empresas como a Franq relacionadas ao ecossistema, ficou ainda mais evidente a necessidade de conectar o que está acontecendo a sociedade.
Bruno Braz, New Business Dev. Manager da Conta Azul, destacou que para democratizar a experiência do cliente na ponta do processo – que é uma das premissas de muitos negócios, como a Franq, para levar o Open Banking Brasil afora – é azeitar os dados e usá-los em favor de todos.
Leandro Villain, da Febraban, trouxe algumas experiências interessantes de como os bancos na Europa estão transcendendo suas atividades, trazendo novas oportunidades de negócio.
Fabio Lacerda Carneiro, do BACEN, alertou: não nos esqueçamos do cliente! Tudo isso só irá funcionar se o cliente for orientado, adequadamente esclarecido e educado. Não apenas educação financeira, mas cidadania digital também.
Por fim, Marcos Stefanini enfatizou que negócio digital não é só tecnologia!
Outras reflexões
As grandes empresas vão conseguir engajar rápido porque têm um departamento financeiro especializado e dedicado. Mas uma imensa maioria dos negócios, de pequeno e médio porte, não vão saber como participar desse processo. Esse é um dos grandes gargalos a ser solucionado. Mas como a gente pode resolver isso?
Todo esse processo do Open Banking traz benefícios maravilhosos – ninguém tem dúvida disso! Mas isso não está chegando aos consumidores, por falta de distribuição. Existe uma força de vendas experiente (ex-bancários) desempregada que poderia ajudar neste processo.
Já gerenciei mais de 30 mil bancários, antes de abrir a Franq. Hoje, a gente recebe de três a quatro currículos de ex-agentes bancários por dia, que já percebem o valor e a oportunidade que a Franq pode gerar. As fintechs usam mídia digital, como o Google Adwords, para destacar seus negócios, quando poderiam também usar os profissionais que estão disponíveis no mercado.
Segundo a consultoria EY, 70% dos small business na Europa usam até três advisors antes de mudar a forma de atuar no sistema financeiro. No caso da Franq, de um lado temos uma plataforma com produtos financeiros diversos e, do outro, os ex-agentes bancários, os Personal Bankers, para distribuir tudo isso, num modelo de GIG economy – como UBER. Estamos aproveitando a expertise desses profissionais e conectando eles aos consumidores, bancos e fintechs, levando conhecimento.
É preciso abrir as portas e mentes, conseguir fazer isso em grande escala, com o distribuidor – startups como a Franq e os próprios ex-agentes bancários -, e encarar o Open Banking como uma oportunidade de negócio. Essa é a grande alavancagem para expandir o processo.
Até os ex-gerentes de bancos que estão disponíveis no mercado ficam impressionados quando a gente explica o que as fintechs e o Open Banking têm a oferecer. Há um gap absurdo de informação dentro do próprio mercado financeiro.
No Brasil ainda há uma baixa educação financeira que dificulta o avanço dessa revolução. Mas é possível construir junto e ajudar várias frentes: a dos profissionais que têm conhecimento de mercado e podem levar essa informação para que os consumidores também sejam beneficiados, e das empresas, que também podem fazer uso do Open Banking com a ajuda dos distribuidores.
Faz sentido?
Estamos tentando construir algo novo que talvez ajude nesse processo evolutivo.
Nos fale se tiver qualquer ideia que possa somar!
Texto publicado em minha página no LinkedIn. Aproveite e me siga por lá!
Faça parte da revolução no mercado financeiro, seja um Personal Banker na Franq Open Banking.