No início de setembro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a entidade caminhará para a mudança no termo de Open Banking para Open Finance, de acordo com informações do site UOL. O motivo seria em razão de o Open Banking ser mais voltado à ações de transformação do sistema bancário, e que a proposta do Bacen é ampliar a inovação para o sistema financeiro como um todo.
Desde então, empresas passaram a adotar o conceito, que também está em popularização na mídia. Mas quais as diferenças reais entre o Open Banking e o Open Finance? Para esclarecer esse ponto, conversamos com o especialista no assunto, Bruno Diniz.
O especialista é uma das referências sobre fintech no Brasil. Em seu currículo, acumula experiências como professor sobre fintechs e novas soluções financeiras na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e no curso de MBA da Universidade de São Paulo (USP). Em janeiro de 2020, Diniz lançou seu livro “O Fenômeno Fintech”, best-seller na categoria “Economia Internacional” da Amazon Brasil.
Veja as seguir as principais diferenças entre o sistema de banco aberto e o sistema financeiro aberto.
Mercados diferentes
Segundo Bruno Diniz, o Open Banking nasceu com a premissa de dar mais competitividade no mercado bancário, com a obrigatoriedade por parte dos bancos em abrir os dados financeiros mediante a anuência dos clientes. Dessa forma, permite que outros modelos de negócio possam oferecer uma série de produtos e serviços, dando maior autonomia para que os consumidores usem os dados em benefício próprio. Já quando pensamos em Open Finance, vamos além dos produtos bancários, abarcando uma série de outras ofertas que integram o sistema financeiro.
O Open Finance propõe, como o nome sugere, a abertura de um sistema financeiro, permitindo que vários players do mercado possam oferecer produtos no segmento, de acordo com regras pré-estabelecidas. Seguros, previdência, câmbio e investimentos, por exemplo, passam a integrar essa cesta de oportunidades. Nesse sentido, o sistema de arquitetura aberta proposto pelo Open Finance não visa apenas permitir um fluxo de dados entre bancos e fintechs, mas inclui também corretoras, companhias de câmbio, fundos de previdência, entre outros, ampliando o escopo no uso de dados dos clientes, para que também possam ter mais independência ao contratar o serviço X ou Y.
Oportunidade para diferentes negócios atuarem no mercado financeiro
Esse movimento vem evoluindo em diversas vias, mas nasce no mercado financeiro, abrindo portas para que outras indústrias possam atuar nele. Para Bruno, empresas dos setores de energia, telefonia e saúde, por exemplo, poderão incorporar serviços e produtos financeiros, de uma forma que consumidores possam ter mais opções de escolha e uma maior competitividade entre os players de mercado.
O Open Finance já estava na mira de outros países que adotaram o Open Banking, como é o caso do Reino Unido, cujo sistema de banco aberto está em vigor desde 2018. O sistema financeiro aberto seria o próximo estágio de evolução e implementação, previsto para acontecer em 2021. Já no Brasil, a execução do Open Banking inicia em 2020, de forma obrigatória por parte dos bancos e opcional por parte das fintechs. Porém, vai incorporar ideais previstos pelo Open Finance, contemplando outras empresas do ambiente financeiro. “Isso se deve a uma proatividade do órgão regulador, o Banco Central, em acelerar o processo e priorizar a pauta, ampliando a competição financeira e facilidade ao crédito para os consumidores”, afirma Diniz.
No Brasil, a competição ainda é um fator crítico, já que o mercado permanece concentrado em grandes bancos e tende a ampliar com a plena operação do sistema de arquitetura aberta. De acordo com o especialista, os custos e barreiras de entrada e tecnologia estão caindo e se tornando mais acessíveis para que negócios de diferentes portes participem do mercado de forma equilibrada. Consequentemente, essa competitividade vai qualificar a oferta de produtos e serviços e diminuir taxas, tornando o acesso aos produtos e serviços financeiros mais democrático aos consumidores.
Confira a conversa na íntegra, realizada em uma live aberta no nosso canal no YouTube. Assista no seguinte link: https://youtu.be/KPAftv4HWj0 e se inscreva para ficar por dentro de novas lives: https://www.youtube.com/@Franqopenbanking