O Copom (Comitê de Política Monetária) encerrou nesta quarta-feira a primeira reunião de 2024 e decidiu manter o ciclo de cortes da taxa Selic. A redução anunciada foi de 0,5 ponto percentual, pela quinta vez consecutiva. A partir de agora, a taxa básica de juros da economia está passa de 11,75% a.a. para 11,25% a.a. e atinge o menor patamar desde março de 2022. A expectativa é que novas reduções sejam anunciadas nas próximas reuniões do Comitê.
Em nota, o Copom afirmou que a decisão unânime “é compatível com a estratégia de convergência da inflação” e tem como objetivo principal assegurar a estabilidade de preços, que implica diretamente na suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
Felipe Giroleti, vice-presidente de Negócios da Franq, afirma que a decisão do Banco Central traz esperança para o mercado financeiro e impacta diretamente no aumento da aprovação de clientes e também na redução das taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras. A estabilidade do mercado também influencia o comportamento dos consumidores e estimula os clientes a buscarem por crédito.
“Nós temos duas boas notícias [com o anúncio do novo corte da Selic]: a primeira é que a redução impacta no custo do funding e, consequentemente, no custo da dívida da população e das empresas. A segunda boa notícia é que a sequência do ciclo de cortes nos traz cada vez mais perto para patamares mais saudáveis de juros, em relação ao custo de dívida, de captação de recursos e a liberação de crédito por parte dos bancos, com condições e apetite melhores. Tudo indica que essa redução vai trazer mais ânimo para o mercado seguir firme em 2024”, afirma Giroleti.
Mais oportunidades para bancários autônomos
O vice-presidente de negócios da Franq recomenda que os Personal Bankers, bancários autônomos da Franq, devem ficar ainda mais próximos dos seus clientes, principalmente aqueles que já tiveram crédito negado e agora podem se beneficiar deste novo momento do mercado com a taxa Selic mais baixa. “Nós já registramos diversos casos de operações que foram reprovadas há alguns meses e agora estão sendo aprovadas. O bancário autônomo deve retomar a conversa com aqueles clientes que não fecharam negócio, seja pelo custo do dinheiro ou porque não aprovou tudo o que precisava. Agora é a oportunidade de trazer novos negócios com os contatos que já possuem em mãos”.
A próxima reunião do Copom deve ser realizada nos dias 19 e 20 de março. De acordo com a nota divulgada pelo Banco Central, um sexto corte consecutivo de 0,5% deve ser anunciado se o cenário econômico atender às expectativas do grupo.
Confira abaixo a nota do Copom na íntegra:
Copom reduz a taxa Selic para 11,25% a.a.
O ambiente externo segue volátil, marcado pelo debate sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e por sinais de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.
Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, assim como as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.
As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente.
As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 4,2% em 2024 e 3,8% em 2025.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado. O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária.
Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.
Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,95, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio foi obtido pelo procedimento, que passou a ser adotado na 258ª reunião, de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos dez dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.