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O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou nesta quarta-feira (20) o sexto corte consecutivo de 0,5 ponto percentual na Taxa Selic. A partir de agora a taxa básica de juros da economia brasileira está balizada em 10,75% a.a. e atinge o menor patamar em mais de dois anos, desde fevereiro de 2022. O Comitê cumpriu o que já havia prometido no encontro anterior e a decisão atendeu às expectativas dos economistas brasileiros.

Diferente das notas divulgadas após as reuniões anteriores, dessa vez o Copom sinalizou a possibilidade de um novo corte de mesma magnitude apenas no próximo encontro. “Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”, afirma a nota divulgada nesta quarta-feira.

Felipe Giroleti, vice-presidente de Negócios da Franq, pontua que a decisão do Banco Central é importante para continuar aquecendo o mercado financeiro. Segundo ele, diante dos cortes consecutivos da taxa básica de juros é possível observar maior flexibilidade dos bancos para liberação de crédito.

“Atualmente vemos um cenário em que mais clientes são aprovados nos mais variados produtos, desde operações de capital de giro, crédito pessoal, financiamento, tanto imobiliário quanto de veículo, entre outros. Essa melhora, com certeza, está relacionada com o custo de dinheiro e o cenário de inadimplência. Nós percebemos, por parte das instituições financeiras, a vontade de recuperar o que não foi feito no final do ano passado e início de 2024. Alguns bancos já sinalizaram que devem ter maior atividade comercial nos próximos meses, explica Giroleti.

Gráfico taxa Selic

Com o mercado mais aquecido e propício para oportunidades, o vice-presidente de negócios ressalta a importância desse momento para os Personal Bankers, bancários autônomos da Franq, fortalecerem a conexão e o contato com seus clientes.

“A cada novidade dessas, aumenta a possibilidade do cliente partir para a tomada de crédito. Então, com certeza, vale a pena girar a carteira, conversar com seus clientes e identificar qual o produto adequado, porque de fato estamos vivendo um cenário muito mais positivo do que no ano passado. O Personal Banker deve estar próximo da sua carteira de clientes, inclusive daqueles que optaram por não tomar crédito anteriormente ou precisaram recorrer a determinadas linhas para “tapar buraco”, que não foram soluções definitivas. Acredito que há oportunidade de estar próximos desses clientes, visitá-los e entender as suas necessidades atuais”, ressalta Felipe.

A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 07 e 08 de maio.

Confira abaixo a nota do Copom na íntegra:

Copom reduz a taxa Selic para 10,75% a.a.

O ambiente externo segue volátil, marcado pelos debates sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e a velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto as medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente.

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 4,4% em 2024 e 3,9% em 2025.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.  O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional estão mais incertas, exigindo cautela na condução da política monetária.

Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 10,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

O Comitê avalia que o cenário-base não se alterou substancialmente. Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião. O Comitê avalia que essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

 

* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,95, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio foi obtido pelo procedimento, que passou a ser adotado na 258ª reunião, de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos dez dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.